quinta-feira, 22 de setembro de 2016

Eu quero outro Brasil (FB)

Alguns dos leitores deste texto são amigos que estão relativamente bem de vida, não dependem do SUS pra cuidar da sua saúde nem da ajuda de filhos ou parentes para tocarem seu dia a dia. 

Durante minha vida procurei ser precavido, comedido, não gastar mais do que ganho e procurei me vacinar para um monte de problemas e aborrecimentos que a vida nos apresenta na rotina diária. Nem sempre tive sucesso. 

Tenho um bom plano de saúde que garante pra mim e minha mulher uma saúde de qualidade (já foi melhor mas ainda é um dos melhores). Optei no início da carreira por um plano de previdência privada que também nos dá um suporte financeiro adequado a um padrão de vida digno e confortável. 

Agora tem um plano que nem eu e nem ninguém neste país pode comprar e se pudesse, não teria a garantia de que ele funcionaria eficientemente: Um plano segurança. Tenho a maior inveja dos povos que podem sair à rua sem medo de serem assaltados, violentados ou dar de cara com uma bala perdida; de viajarem e ter a certeza de que na volta seus bens estarão "imexíveis", do mesmo jeito como foram deixados; de tomar um banho no mar ou deixar seu carro aberto e não ter seus pertences surrupiados; de ir para um show ou jogo de futebol e apenas se divertirem, sem medo de brigas e arrastões; de ligar para a Polícia ou o SAMU e ter a garantia que eles chegarão em menos de 5 minutos, sem falta. 

Nosso povo tem uma criatividade ímpar e uma capacidade enorme de realizar eventos de "gente grande" como acabamos de ver na Copa do Mundo, nas Olimpíadas e nas Paralimpíadas; de descobrir e liderar a tecnologia de produção de petróleo em águas ultra profundas; de possuir um dos mais eficientes sistemas de automação bancária do mundo. É pioneiro no uso de combustíveis limpos e de tantas outras coisas onde somos iguais ou melhores do que povos ditos do "primeiro mundo". 

Mas não conseguimos dar segurança à todos e em todos os lugares, a não ser em grandes eventos, por tempo determinado. Um dos maiores legados das Olimpíadas poderia ser este mas foi, apenas "nuvem passageira". Está provado que quando as forças policiais, a inteligência, o planejamento, trabalham de forma conjunta, unida, integrada, com foco, é possível se viver como os nórdicos, suíços, canadenses ou japoneses, no aspecto de segurança. Durante as três semanas dos jogos os cariocas tiveram este privilégio. 

Mas nossa sina é viver sobressaltados, com medo e impedidos de usar um bem valioso em público, de andar à noite em locais pouco povoados, de deixar um carro na rua ou em locais ermos e encontrá-lo íntegro, ir à evento e não sofrer um furto, de fazer uma selfie num show e ficar sem o celular arrancado com violência. Gastamos uma boa grana do que sobra do salário super taxado para instalar cerca elétrica nas casas, grades, pagar seguro de carros e imóveis com alicotas mais caras, vigilância noturna particular, porteiros de prédios e condomínios fechados, sistemas de câmaras por tudo o que é lugar e tantos outros recursos e dispositivos para nos proteger. Nossos impostos deveriam pagar tudo isto mas .........

Ai se eu pudesse comprar um plano de segurança para poder viver aqui sem este trauma que nos aflige e nos envergonha e para o qual não vejo solução a curto/médio prazos. Esta nossa realidade me faz lembrar um desabafo recente de um dos ministros do STF que disse ter ouvido de um estudante: "Ministro, eu não quero viver noutro país. Eu quero viver noutro Brasil". Eu também quero. 

Giba

PS.: Já estão disponíveis no blog "A "Original" do sábado" (www.originaldosabado.com) todas as 265 "Original" publicadas até agora, inclusive esta.