sábado, 31 de julho de 2021

25550 dias (FB)

 Há exatas 7 décadas nascia em Campina Grande um pirralhinho,  espada, galeguim, bunitim que só uma miniatura do Ronnie Von. Teve uma infância solta na buraqueira, jogando botão com bola de sabão à milanesa, lançando pião carrapeta, construindo carrinhos de madeira e de rolimã, explorando as fruteiras dos sítios e quintais da região, jogando bola de couro e de meia, dentre outras brincadeiras analógicas e saudáveis daqueles velhos tempos. Se na época existisse escolinha de futebol hoje seria um ídolo do Barcelona,…………….de Cabaceiras. Kkkkkk


No início da adolescência mudou-se pra capital do Estado onde começou a bigodetear, a dançar em “assustados” e tertúlias,  a “brechar” lance de meninas sapecas, a jogar futebol de campo e salão, estudou com gosto, formou-se e casou-se com a mulher amada com quem vive até hoje. 


Mudou-se de novo, desta vez pra capital de Sergipe onde começou sua vida profissional e onde nasceram seus três filhos queridos. Lá conquistou amigos “de fé, camaradas”. Por lá viveu 25 anos, talvez os mais intensos e produtivos. Os filhos cresceram e se espalharam pelo mundo, hoje cada um vive com seu cada um. 


Há 21 anos mora em Maceió onde se aposentou. Ganhou o melhor presente do mundo: duas netas e a notícia que vai chegar mais uma agora em dezembro. O coronavírus o expulsou do apartamento e há um ano e meio se “esconde” num paraíso perdido a 80 kms da capital alagoana, de onde dificilmente vai sair mais. 


Vocês sabem quem é esse cara?

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“Esse cara sou eu”. Agora um idoso com viés de alta. 


29/07/21

sexta-feira, 16 de julho de 2021

Crú, áspero e lindo (FB)

Talvez quem leia meus textos sobre curiosidades nas músicas dos Beatles ache que eu tenha uma preferência maior pelo Paul McCartney. Para mim o Fab Four é como um quadrado, quando se tira um lado desmorona a magia, a sinergia, o encantamento, a criatividade da maior banda musical de todos os tempos. 

Sou fã de baladas, harmonias e arranjos vocais bem elaborados e nesta praia o Paul nada de braçadas e compões diversas pérolas, uma dela é “Oh darling” que faz parte do álbum “Abbey Road” de 1969. Tem estilo “doo wop”, característico da década de 50. O vocal desta canção é belíssimo e tem uma curiosidade interessante. 

Ele queria gravar sua voz numa tonalidade crua, áspera, rasgada e acreditava que só conseguiria este timbre na primeira tentativa. Da segunda em diante a voz já perdia esta característica e não produzia o vocal desejado. 


Como morava (e ainda mora) a 5 minutos a pé do estúdio Abbey Road, em Londres, ele, por diversos dias seguidos, chegava mais cedo e fazia uma tentativa. Depois de muitos dias conseguiu gravar um take com a voz imaginada e o resultado é este do link abaixo. John Lennon disse que esta é uma das melhores do Paul mas achava que poderia ter cantado melhor do que o autor. Será? 


Só com muita persistência, zelo, respeito e amor pelo que se faz é possível se produzir obras com esta qualidade. 


https://youtu.be/9BznFjbcBVs


16/07/21

sexta-feira, 9 de julho de 2021

O lavabo (FB)

 Mês passado andei em Aracaju visitando apartamentos para comprar. Pretendo me mudar para cidade onde comecei minha vida profissional em 1976 e onde nasceram os meus 3 filhos. 


Numa das visitas a um belo imóvel, logo que entrei vi um requintado lavabo e neste momento senti um violento “croin” na barriga daqueles que não tem negociação. Falei para minha mulher e a corretora que fossem ver as dependências de empregadas enquanto eu iria ver “outro cômodo”. 


Armação feita, corri para o lavabo, afrouxei a bermuda e só então notei que não tinha ducha e o pior, nem papel. Olhei pra pra cueca e ela deu um pinote e disse: “Epa! Eu não”. Já pela bola sete, recolhi tudo e sai zunindo em busca de um banheiro de uma das suítes atrás do higiênico. 


No caminho de volta, já com o rolo escondido debaixo da camisa passei por uma senhora com Alzheimer em estado bem avançado. A pobrezinha olhou pra mim de cima a baixo, viu a cena toda e o meu desespero mas eu nem me preocupei pois ela não iria se lembrar mesmo de nada depois. 


Voltei ao aconchego do “quartinho”, aliviei os “croins” e meti a mão na válvula Hidra. Foi aquele “chuar” barulhento e diluviano. Me recompus às pressas e quanto abri a porta topei de cara com a experiente corretora que me olhou enviesado e certamente pensou: 

“Perdi o negócio. Não sinto firmeza em tratar com um cagão”. Olhou pra minha mulher e esta, que já conhece bem a imprevisibilidade das tripas do marido, “deu de ombros”. 

Dito e feito. “Aliviado” e suado, disse a profissional da corretagem que não tinha gostado do que vi e do preço proposto. 


É muita fuleragem. 


09/07/21

quinta-feira, 1 de julho de 2021

Uma festa no céu (FB)


 Um dos álbuns mais famosos da música pop é o espetacular “Dark Side Of The Moon”, do Pink Floyd, de 1973. Ele simplesmente ficou 900 semanas (17 anos) no ranking dos 200 álbuns mais vendidos da revista “Billboard”, a bíblia da indústria musical americana. 


Ouvi-lo continua sendo um prazer e cada vez mais me encanta e me surpreende pela beleza das canções, a qualidade do som, a riqueza dos acordes e harmonias, o poder das letras de cada uma das 10 faixas perfeitamente encadeadas. A capa é icônica. Uma das faixas deste álbum chama mais a atenção não só pela sua beleza e mas pela sua inusitada gravação: a instrumental “The Great Gig Of The SKY”, composta pelo tecladista Richard Wright.


Quando estava gravando os belíssimos acordes de piano, RW sentiu a necessidade de preencher um trecho com algo diferente que ele não sabia o quê. O produtor do álbum, Alan Parsons, sugeriu um lamento (“abôio” pra nós, nordestinos) numa voz feminina e convidou uma cantora desconhecida chamada Clare Torry. A única instrução que RW passou para CT na hora da gravação foi de que ela improvisasse pensando em morte, sofrimento, angústia, amargura, perda. 


Foram gravados apenas três takes, sendo uma mistura dos três o que foi para o disco e que vocês podem escutar nos links abaixo. Ela saiu do estúdio achando que aquilo seria descartado no dia seguinte. 


Por este vocal criativo e diferente ela recebeu uns poucos trocados e só quando do lançamento do disco ela se deu conta de que seu nome constava nos créditos do álbum. Em 2005 a Clare questionou os membros do Pink Floyd que reconheceram sua importante contribuição nesta música e desde então ela passou a receber royalties como co-autora, junto com Richard Wright (falecido em 2008, aos 65 anos).  


A versão original com Clare Torry: https://youtu.be/W-Jjn0oBw0c


A versão que mais gosto: https://youtu.be/vWZ6hmHj2MA


02/07/21 



sexta-feira, 25 de junho de 2021

Uma super musa (FB)

 Em 1964, no set de filmagem do primeiro filme dos Beatles, “A hard day’s night” (“Os reis do iê, iê, iê”, no Brasil), o George Harrison conheceu a modelo inglesa Pettie Boyd, então com 20 anos e por ela “endoidou o cabeçote”. Começaram a namorar e se casaram em 1966. 

Para ela ele compôs “Something”, talvez sua mais bela e famosa canção, lançada no LP “Abbey Road”, em 1969. Viveram juntos até 1974 quando se separam após ela saber de um caso do GH com a primeira mulher do Ringo (já falecida). Não tiveram filhos. Já no fim desta relação a PB teve um rápido caso com o Ronnie Wood, guitarrista dos Rolling Stones. 


No final da década de 60, GH e Eric Clapton se tornaram grandes amigos. EC se apaixonou perdidamente pela mulher do amigo.  Pra Pattie ele compôs em 1970 uma de suas obras primas, a canção “Layla”. Durante 3 anos desta paixão avassaladora e contida quase destruiu o “Deus da guitarra”, que se afogou no álcool e em outras drogas pesadas. 


Após o divórcio, PB e EC passaram a se relacionar e se casaram em 1979. Viveram juntos durante 10 anos mas as bebedeiras e a infidelidades do marido causaram o rompimento. Também não tiveram filhos. A PB é estéril. Durante esta união ele compôs pra ela mais outra bela canção: “Wonderful tonight”. A PB só podia ter muito “borogodó”, kkkkk


Mesmo com todas estas traições conjugais e paixões desencontradas e tóxicas a amizade entre George Harrison, Ringo Starr e Eric Clapton se manteve inabalável até a morte do beatle em 2001.


Depois destes relacionamentos tumultuados a musa se tornou fotógrafa profissional e hoje vive expondo seus trabalhos em galerias ao redor do mundo. 


25/06/21






https://youtu.be/UelDrZ1aFeY


https://youtu.be/_CPVPwIOyKM


https://youtu.be/hmddeSB8Fds

sexta-feira, 18 de junho de 2021

E a vida continua (FB)

Uma das canções mais populares dos Beatles e uma das que mais gosto é “Obladi Oblada”, composta por Paul McCartney, que faz parte do “White Album”, lançado em 1968. Tem uma linha de baixo extremamente criativa e vigorosa, que faz da música uma referência neste instrumento. 


A expressão “Obladi oblada”, que caiu bem nos ouvidos do baixista dos Beatles, era muito usada por um percussionista nigeriano conhecido como “Jimmy Scott”, amigo do beatle. Não se sabe muito bem o que significa. JS era um personagem extravagante, com suas roupas africanas coloridas e cheio de frases de efeito. Uma delas era “Obladi oblada, life goes on, bra!!!”. 


Paul, perfeccionista por excelência, ensaiou esta composição a exaustão o que irritou o John Lennon. Foram muitos takes gravados e descartados durante mais de 10 dias de trabalho. Num belo dia o JL, conhecido como uma pessoa de “pavio curto”, sentou ao piano e “meteu a mão” no teclado numa sequência também vigorosa de acordes e quanto PM ouviu aquilo, disse: “oba, era isso que estava faltando para a introduçãointrodução da canção”. E assim ela foi dada como concluída. 


https://youtu.be/9x5WY_jmsko


19/06/21

sábado, 12 de junho de 2021

Escapou fedendo (FB)

 Mesmo tendo acontecido há mais de 40 anos, o brutal assassinato do John Lennon ainda é muito lembrado e sentido. O maluco que perpetrou aquele ato insano, Mark David Chapman, foi condenado a prisão perpétua. Já foram negados 11 pedidos de liberdade condicional. 

Mas o que poucos sabem é que em 30 de dezembro de 1999 o George Harrison foi esfaqueado dentro de sua mansão nos arredores de Londres, por um outro maluco, Mike Abram, de 33 anos, morador de Liverpool. O ex-Beatle teve um pulmão perfurado e só escapou porque sua esposa, Olívia, (que também foi ferida), quebrou um abajur na cabeça do agressor e chamou a polícia, que prendeu o intruso. O compositor de “Something”, “My sweet Lord” e “Here comes the sun”, dentre outras pérolas musicais, “escapou fedendo”, como se diz na minha terra. 


As razões alegadas pelo agressor são muito semelhantes às do assassino de Lennon: “que ouvia vozes dizendo que GH era um bruxo, um demônio, etc”. Ele foi considerado um doente mental, passou três anos num hospital psiquiátrico, saiu e hoje vive na região de Liverpool para o desgosto da viúva do GH que nunca concordou com a decisão da justiça inglesa. 


Dois anos depois desta quase tragédia, em novembro de 2001, com 58 anos, o GH morria em Los Angeles, numa casa de propriedade de Paul McCartney, em consequência de um câncer que começou nos pulmões e se espalhou para o cérebro. Seu corpo foi cremado e suas cinzas espalhadas no Rio Ganges, na Índia. 



Eu em abril/19, em frente a mansão onde ocorreu este fato. 


11/06/21


sábado, 5 de junho de 2021

Tim tim por tim tim, do Tim (FB)

No livro “Vale tudo”, o autor Nelson Motta conta dezenas de histórias engraçadas do cidadão carioca Sebastião Rodrigues Maia, o Tim Maia, falecido em 1998, com apenas 56 anos de idade. Possuidor de uma voz possante, um ouvido exigente e um suingue inigualável, Tim Maia vendeu milhões de discos, compões belíssimas canções, encantou muitos fãs e azucrinou a vida de muita gente com quem se relacionou. Eis duas das histórias que achei mais hilárias. 


1- Preocupado com o aumento de peso, ele se internou numa clínica e depois de duas semana comendo apenas folhas e tomando caldinhos, fugiu num caminhão de entrega e foi direto para uma churrasqueira famosa onde ficou do meio dia às 20 horas comendo e bebendo de tudo. Depois saiu dizendo: 

“Fiz uma dieta rigorosa, cortei álcool, gorduras e açúcar. Em duas semanas perdi 14 dias.”


2- Outro “causo” interessante aconteceu na sua temporada na casa de espetáculos “Scala”, na zona sul carioca, de propriedade do espanhol “Chico Recarey”, espaço chic do show business da década de 80. A fina flor da sociedade a frequentava para comer e beber do bom o do melhor, enquanto assistia espetáculos e artistas famosos. Tim Maia, embora fosse considerado um cantor de subúrbio, brega, na época estava no auge e o Chico Recarey resolveu contrata-lo para 4 apresentações. É praxe o artista receber alguns convites para distribuí-los para seus familiares e amigos. 


“Bronqueiro” como ele só, na primeira noite o Tim percebeu que o dono da casa colocou os convidados dele (Chico) na primeira fila, todo mundo bonito, perfume francês, dentes lindos, maravilhosos, cascata de camarão, champanhe e o escambau. Os convidados do Tim foram posicionados lá atrás, perto da cozinha, tomando cerveja quente e comendo asinhas de frango. O Tim achou isso uma sacanagem e disse para um amigo: “”Mermão”, esse fdp vai me pagar caro”. 


Na noite seguinte, com o Scala abarrotado, Tim tirou o telefone do gancho e permaneceu em casa. Recarey ficou maluco. Implorou à todos que pudessem trazer o Tim para o show. Mandou o seu staff e amigos comuns para convencer o cantor cumprir o compromisso. Chegando ao apartamento do Tim o encontraram de cuecas, chapado, doidão. Quando ele viu aquela “ruma” de gente, disse: “Hoje o show vai ser aqui em casa.” Ligou para um restaurante vizinho e encomendou lagostas para todos. Tim estava feliz, pegou o violão e começou a cantar, como se estivesse diante de uma multidão. Deu um show impecável. 


No dia seguinte Tim fez um acordo com Recarey: para voltar a fazer o show, teria metade da primeira fila para seus convidados, cerca de trinta pessoas. Antes de começar o show Tim disse para um dos amigos: “Vai lá na frente do palco, abre a cortina de leve e dá uma olhada na primeira fila, onde você vai sentar. É lá que estão os convidados do Chico e os meus, todo mundo com cascatas de camarão, champanhe e o escambau”.


Quando o amigo entreabriu a cortina, arregalou os olhos e só teve voz para murmurar: “Meu Deus!” 

Na primeira fila, metade das mesas estava ocupada pelos convidados de Recarey — socialites, bicheiros e autoridades, todo mundo fino e elegante. Mas nas outras mesas não estavam os parentes e nem os amigos de Tim, e sim uma gente suja, desdentada e descabelada, com roupas velhas e esmolambadas, que parecia ter saído das ruas. Tim havia distribuído seus convites entre faxineiros, garagistas, mendigos e flanelinhas que encontrara nas vizinhanças do Scala — era a parte final da sua vingança. O show foi apoteótico, os bacanas e os mendigos da primeira fila aplaudiram de pé, Tim e Recarey se abraçaram efusivamente no camarim.


São algumas das estripulias do Sebastião Rodrigues Maia, que numa de suas entrevistas disse: “Não fumo, não cheiro e não bebo, mas às vezes minto um pouquinho.”


04/06/21 

quarta-feira, 2 de junho de 2021

A “zebra” mais famosa (FB)

O álbum “Abbey Road”, de 1969, foi o último a ser gravado pelo Beatles mas foi o penúltimo a ser lançado. O “Let it be” tinha sido gravado antes mas só saiu em 1970. A famosa foto da capa do AB tem uma história interessante. 




O Abbey Road na verdade quase recebeu o nome de “Everest”, devido à marca dos cigarros que o lendário engenheiro de som Geoff Emerick fumava. (GE foi o técnico que conseguiu tirar e registrar em fita, a excepcional qualidade do som que ainda hoje encanta os audiófilos). A ideia, porém, não deu certo porque os Beatles não se animaram de viajar até os Himalaias para uma única sessão de fotos.


Não se sabe quem mas alguém disse: “Por que não vamos apenas para o lado de fora, tiramos uma foto lá, nomeamos o LP de Abbey Road e pronto?” Paul McCartney, então, elaborou um rascunho da ideia e no dia 8/8/69, por volta das 10:30h, o fotógrafo Iann Macmillan posicionou uma escada no meio da movimentada Abbey Road, próxima a zebra que existe a direita do estúdio e, com a ajuda de um policial, segurou o trânsito por cerca de 10 minutos, tirou 6 fotos com os Beatles atravessando a rua num sentido e no outro. 




A foto escolhida foi a de número 5 pois mostrava os 4 rapazes no mesmo passo, apenas Paul no passo trocado. Dizem, também, que como eles achavam que estas seriam suas últimas gravações a imagem mostra eles se distanciando dos estúdios onde gravaram a grande maioria de suas canções. As roupas são da ocasião embora haja dezenas de especulações por que o Paul está descalço, o Lennon está de branco, Ringo de preto, etc..


Há alguns anos assisti uma reportagem do Marcos Losekann (Globo) que dizia que a zebra atual está cerca de 1 metro deslocada da posição original, no sentido oposto ao estúdio. O senhor de preto que aparece na calçada a direita era um turista americano, Paul Cole, morador da Flórida, que morreu em 2008, com 96 anos. 


Atualmente o Fusca estacionado na calçada em frente ao estúdio, a esquerda da foto, está exposto na sede da Volkswagen, na Alemanha.


Desde então cruzar esta zebra tornou-se uma das atrações de Londres. Milhares de pessoas tiram fotos imitando os passos do Fab Four. Existe até uma câmera que registra em tempo real, 24 horas por dia, esta movimentação (https://www.earthcam.com/world/england/london/abbeyroad/?cam=abbeyroad_uk)

Eu mesmo tenho diversas fotos tiradas neste local. Kkkkkk


28/05/21 

sexta-feira, 21 de maio de 2021

Ovos mexidos (FB)

 A canção mais famosa dos Beatles é sem dúvida “Yesterday”, composição do Paul McCartney, que faz parte do álbum “Help”, de 1965. Possui mais de 3000 covers, nos mais diversos ritmos e estilos musicais. Quando a compôs PM tinha apenas 22 anos. A história de como ela surgiu é interessante. 


Conta Paul que na época morava no sótão da casa da namorada, em Londres, e no meio de uma noite acordou com a uma melodia na cabeça. Sentou num piano que tinha no quarto e dedilhou os primeiros acordes. Aquilo ficou remoendo no juízo por dias. 


Procurou o George Martin, maestro e produtor da grande maioria dos álbuns dos “Cabeludos de Liverpool”, mostrou a melodia, tentando se certificar que não era um plágio. Durante uns três meses repetiu esta ação com outras pessoas do ambiente musical e todos disseram que nunca tinham ouvido coisa igual. 


Ainda sem uma letra deu o nome a melodia de “Scrambled eggs” (Ovos mexidos). Os outros três Beatles de cara disseram que não tinham nenhuma contribuição a fazer. O GM então compôs um belíssimo arranjo para um quarteto de cordas e o PM escreveu a letra e gravou sua canção mais famosa sozinho, sem a presença de seus três amigos da banda, que acharam não ser o estilo de música que eles vinham tocando na época. O violão acústico que aparece na canção é tocado pelo próprio Paul. 


Tudo isto parece que foi “ontem”. Lembro do prazer, da ansiedade que tinha de comprar um LP novo dos Beatles, correr pra casa para ouvi-lo cirurgicamente, dessecando cada acorde,  cada harmonia, e ainda aprendendo inglês. Deliciava-me com canções que ainda hoje me surpreendem pela beleza, frescor e criação. 


21/05/21

sexta-feira, 7 de maio de 2021

A presepada de um Beatle (FB)

Em 1970 quando estava gravando o antológico álbum “All Things Must Pass”, George Harrison precisou de um percussionista para a música “Art of Dying”. Alguém tinha visto nas boates de Londres um músico que poderia fazer este trabalho e sugeriu, ao nesta época já um ex-beatle, que fizesse um teste com o rapaz, um ilustre desconhecido. 

Dias depois o jovem subiu as escadas do famoso estúdio Abbey Road e deu de cara com uma penca de músicos famosos, inclusive o próprio GH. Tremeu nas bases, mas com todo nervosismo, tocou congas em alguns takes desta música. Recebeu um trocado e foi batucar em outros botecos londrinos. Seu nome: Phil Collins. 


Meses depois ele ver nas lojas o tal álbum, compra-o e corre pra casa pra ouvi-lo. Procurou seu nome nos créditos e não viu. Ouviu a música e não identificou seu trabalho nela. Ficou arrasado. 

Bons anos depois, já famoso, encontrou-se com GH e comentou da sua decepção. GH não se lembrava de nada. 


Em 2000 quando o ex-beatle estava preparando a edição comemorativa dos 30 anos de lançamento do ATMP lembrou-se daquele papo com o PC e resolveu procurar os takes descartados pra ver se achava a participação do PC. Não conseguiu recuperar mais nada. Resolveu, então, aprontar uma presepada. Chamou seu amigo Ray Cooper, brilhante percussionista, e juntos, gravaram um take de “Art of Dying”, onde o Ray tocou congas muito mal, propositadamente. GH enviou o CD com o seguinte bilhete: “Caro Phil. Será que essa é a sua parte? Com carinho, George”.


PC quando ouviu aquela balbúrdia sonora ficou sem acreditar. E para piorar no final da gravação ainda ouviu GH falar alto dizendo: “Esse tocador de congas é muito ruim. Manda esse moleque embora. Vamos gravar outro take mas sem esse carinha das congas”. Aquilo chocou definitivamente o PC. 


Dias depois ele recebe uma ligação do GH perguntando se tinha gostado do que ouviu e então ficou ciente de que se tratava de uma presepada. Foram muitas gargalhadas e xingamentos. 

Coisas típicas do saudoso George Harrison. 


Giba

07/05/21


Fonte: Phil Collins, Ainda estou vivo - Uma autobiografia.  

sexta-feira, 30 de abril de 2021

Principalmente esta (FB)

 A canção “Strawberry Fields Forever”, composta pelo John Lennon, é considerada uma das obras primas dos Beatles. Levou cerca de um mês pra ter sua gravação concluída. 

O JL era uma pessoa insegura, indecisa e não gostava da sua voz. Sempre pedia aos engenheiros de som que fizessem alguma coisa para modificar seu timbre. Embora fosse um gênio criativo tinha muita dificuldade de “tirar da cabeça” os acordes e arranjos que imaginava pra suas canções, o inverso do Paul McCartney, que já chegava ao estúdio sabendo exatamente como cada instrumento deveria ser tocado. 

Essas caraterísticas do JL deram muito trabalho ao produtor George Martin, considerado o “quinto beatle”, para transformar numa peça musical as composições do beatle assassinado em 1980. 

Depois de dias e dias de gravação, “Strawberry .....” foi considerada “pronta”. O JL levou o tape pra casa e no outro dia chegou ao estúdio dizendo que não gostou e que queria um outro arranjo, desta vez acrescentando metais. Foi aquele alvoroço mas tratando-se de um pedido do autor já famoso, tinha que ser atendido. 

Mais outras duas semanas de trabalho e uma nova versão foi considerada “definitiva”. Novamente o autor de “Imagine” levou trabalho pra ouvir em casa e dias depois disse ao GM que tinha gostado da primeira parte da primeira versão e da segunda parte da segunda versão e que queria que fossem emendadas. 

George Marte ficou estupefato e argumentou que seria impossível pois as versões estavam em tons diferentes. JL riu, piscou o olho e disse: “eu sei que você é capaz de fazer isto, George”, e saiu rindo, de fininho. 

GM usou toda a sua expertise e acelerando uma versão e reduzindo a velocidade de outra, conseguiu fazer uma emenda perfeita, imperceptível aos ouvidos da época. 

Pouco antes de ser assassinado, JL e GM se encontraram e batendo papo o JL disse que tudo o que ele tinha feito com os Beatles foi porcaria. O GM, mais uma vez, sem acreditar, perguntou: “mas até “Strawberry Fields Forever”?” O JL, ao seu estilo, respondeu, na xinxa: “principalmente esta”. Coisas de gênio. 

“Strawberry Field” (sem o “s”) era um antigo orfanato situado nos fundos da casa do JL, onde ele brincava e “aprontava” quando era adolescente. 


Giba

30/04/21

sábado, 24 de abril de 2021

Preciso acabar logo com isso (FB)

Segunda feira passada, dia 19/4, nosso Rei, Roberto Carlos, completou 80 anos. Nestes últimos 60 anos foram muitas emoções imortalizadas em dezenas de canções que mexeram e ainda mexem com os corações dos românticos que tiveram o privilégio de dançar e namorar embalados pelas suas belas músicas. 

A sua parceria com o amigo Erasmo Carlos é, talvez, a mais profícua da nossa MPB, considerando outras como Luiz Gonzaga e Humberto Teixeira, João Bôscoli e Aldir Blanc e Tom Jobim e Vinícius de Moraes. São desta parceria composições como “Detalhes”, “Emoções”, “Se você pensa” e tantas outras. 

O que muitos não sabem é que os dois estiveram rompidos nos anos de 66 e 67 e foi neste período que Roberto escreveu, sozinho, sucessos como “Namoradinha de um amigo meu”, “Querem acabar comigo”, “Quando”, “As canções que você fez pra mim”, “Como é grande o meu amor por você”, dentre outras. 

Alguns anos atrás, numa entrevista ao repórter Chico Pinheiro, da Globo, Erasmo contou dois fatos interessante sobre esta parceria. 

O primeiro é que ele não perdoa (carinhosamente) o amigo por não estar como parceiro na música “Como é grande o meu amor por você”, que ele considera a coisa mais linda do mundo. 

A outra curiosidade é sobre a canção “Sentado a beira do caminho”, gravada pelo Erasmo. Depois de trabalharem exaustivamente por várias horas, não conseguiram concluir a letra. Faltava um pequeno trecho que não saía de jeito nenhum. Roberto, cansado, deita num sofá, tira um cochilo e de repente acorda e sai com “Preciso acabar logo com isso. Preciso lembrar que eu existo”. Bimba, era o que faltava pra terminar o maior sucesso do Tremendão. 


Giba