quinta-feira, 22 de junho de 2017

A injustiça dói (FB)

No conforto das nossas salas de estar assistindo os noticiários das redes de TVs, vemos, cotidianamente, a dor é o desespero de pais que perderam filhos e parentes mortos pela violência, o crime organizado, a droga ou qualquer outra tragédia. Presenciamos tudo isto sem sofrer o sentimento de dor vem a reboque. 

Mas quando esta situação se avizinha de você de forma coletiva  percebemos que o que mais dói não é só o sentimento da perda física do ente querido e sim o da falta de justiça, causada pela impunidade, o desrespeito, o descaso dos poderes públicos, principalmente para os humildes e mais necessitados. 

Por mais que me esconda dos noticiários, blogs, zaps, não consigo ficar alheio a este sentimento nem imune ao caos moral, ético e econômico que estamos começando a enfrentar neste país. Os últimos baluartes de esperança que tínhamos, os Supremos, estão fraquejando diante das evidências da corrupção escancarada, das parcerias espúrias entre o público e o privado, das alianças sebosas para a permanência no poder a qualquer custo. A recente decisão do STE é um passe livre para se emburacar num túnel escuro e tortuoso que pode nos levar ao despenhadeiro institucional. 

Quando se chega este ponto de se perder a fé na justiça, nas instituições constituídas para tal, a quem apelar? Será às dezenas de igrejas caça-níqueis que se abastecem da ignorância e desesperança do povo? Às milícias que matam e escravizam os que dela se associam? Aos fuzis e Urutus como em épocas passadas? Aos Bolsonaros, Brizolas, Getúlios, Lulas, Collors ou outros sacripantas da vida? Acho que não. 

Começo a perceber que a injustiça dói como uma artrite no inverno, um dente exposto a naco de rapadura, esmorece como uma febre terçã, exaure como uma diarreia "braba", deprime como uma traição, maltrata como um calo seco no dedo mindinho, decepciona como um 7x1.

Se desligar e se desconectar desta realidade é impraticável e não é solução. Estou ciente que só votar bem também não é suficiente. Alguma coisa coletiva tem que ser feita, urgentemente, para baixar a febre e começar a tratar o doente. 

Enquanto não batemos na porta da UTI vamos comemorar o São João e encher o bucho de milho assado, canjica e dançar um xaxado neste inigualável arraiá em que se transforma Campina Grande. 


Como filosofa o amigo Jajá de La Sierra, "Eu acredito mesmo é na ciência. O resto é um mero quadro final que obscurece a verdadeira realidade dos fatos".

23/06/17