quinta-feira, 29 de junho de 2017

Uma criatura especial (FB)

Na família do meu pai foram 8 filhos de Seu Luiz e D. Ritinha, meu casal referência, que se carinho e paixão tivessem uma representação cénica, eles ganhariam o Oscar. Meu avô morreu atropelado no sábado de carnaval, em 1966, e minha santa avó, em 1984, 20 dias após a morte do meu pai. Não é raro em todas as famílias existir um herdeiro que destoa do comportamento dos demais, que, às vezes, é chamado de "ovelha negra". 

Meu tio mais novo, hoje com 77 anos, foi essa "ovelha negra", sem o caráter pejorativo normalmente associado ao termo. Foi, apenas, um jovem treloso, astuto, ardiloso, presepeiro, daqueles de amarrar "mijão" em rabo de gato, encher o bucho com frutas dos quintais alheios, caçar "operadoras de fogão" nas areias de Tambaú, montar numa lambreta caindo aos pedaços e passar 8 dias sumido sem dá notícias à meus avós, entrar no mar e nadar até se perder de vista e outras traquinagens "do bem". 

Cabarelista sênior, desejado e amado pelas piriquetes da época, nunca se envolveu em brigas e arruaças mais sérias, que eu saiba. Na década de 60, após aprontar muito na sua (nossa) terra natal, Campina Grande, foi embora pra Brasília e lá conheceu uma mineira, apaixonou-se e mudou completamente seu estilo de vida. Não tiveram filhos mas adotou um que da adolescência pra frente foi seu grande motivo de aperreio e decepção, infelizmente. 

Seu garoto conheceu cedo a bebida e a droga e no final de maio último morreu de uma parada cardíaca. Tinha 45 anos. 20 dias depois, a semana retrasada, sua mãe, minha tia, morreu depois de uma queda em casa. Duas tragédias "encarreadas" em menos de um mês. É a história familiar se repetindo. 

Desde muito tempo este tio sempre teve uma identificação e uma grande amizade com seu sobrinho, o Ceguim do Ceará, meu irmão. Se admiram mutuamente, são confidentes. Advinha quem foi imediatamente dar o suporte nesta tragédia ao tio solitário? Ele, Birmarkinho, pessoa de um coração mais do que bondoso e um apoiador incondicional, sempre "chegando junto" nas nossas horas de maior sufoco. Imediatamente pegou um avião para Brasília e lá permaneceu uma semana desenrolando tudo o que foi possível para o conforto do tio querido. Será seu cuidador daqui pra frente. 

Hoje é dia do aniversário do meu irmão querido e ele será comemorado na nossa terra natal, da melhor maneira, rodeado dos amigos que tanto o admiram e se encantam com esta pessoa iluminada, especial. A você, meu irmão, o meu maior respeito, carinho e admiração por tudo o que você é e faz em benefício dos seus amigos e familiares. Continue se cuidando, sarado, disponível, pois, quem sabe, poderemos ser nosso tio, amanhã. 

Repito mais uma vez que você é aquele ser humano que já se sente saudade desde o momento que o conhecemos. É um privilégio e uma sorte tê-lo como irmão e amigo. 

29/06/17