sexta-feira, 11 de novembro de 2016

Bateu saudade da velha "Petroba".

Esta semana, após reler o livro "E&P bem humorado", do Alfeu Valença, colega e ex-presidente da Petrobras, me bateu uma saudade "da moléstia" dos velhos tempos de quando comecei a trabalhar nesta Cia em meados da década de 70.
Cheguei novinho e recém casado em Aracaju, entusiasmado com a mudança de vida, os primeiros salários e com o trabalho desafiante que tive o privilégio de enfrentar na maior e mais desejada companhia brasileira. Foram tempos de descobrimentos, de afirmação, de formação de novos círculos de amizades, filhos, farras e tudo de bom que a vida nos apresenta nos nossos trinta anos. A Petrobras era outra, um orgulho que enchíamos o peito em dizer pra todo mundo "eu trabalho na Petrobras".

Tempos do "Restaurante Técnico" no Campo de Carmópolis, onde os "de nível superior" comiam do bom o do melhor, servidos, gentilmente, pelos simpáticos garçons Sumidade e Pernambuco;

Tempos dos PCM's, PVM's, AFM's, PATECs, BLM, SUPERCALC4, SUPERPROJECT, siglas onde o cabeludo e futuro "Cabeleira" reinava e destrinçava tudo com a maior competência e zelo. Do SERMAT, DIMAT, DIREN, DIRGAS, DIROL, DIMAN, DEPRO, e tantas outras siglas que tinham o DNA daquilo que se propunha a fazer.

Tempos dos saudosos Lácio, Tavares, João Newton, Carlos Alberto Carvalho, Manuel Leonardo, Pedrinho "da DIREN", Paulo Guimarães, Faro, e dos hoje aposentados Raimundo Nonato, Dourado, Emanuel, Medina, Roberto Maia, Everaldo "Gordo", Nilson Carnaúba, Zé Gerardo, Nelson Bezerra, Guilherme, Carlos Eugênio, Carlos Alberto Silva, Ubiratan Cavalcante, Cezario, Luiz Paulo, Germano, Flávio Cidade, e outros tantos técnicos que deram o seu suor, a inteligência e a dedicação para o engrandecimento da Petrobras;

Tempos da risada aberta do Mestre Josias, prático do Tecarmo, da sovinice do George, da DIRGAS, da moral sisuda de Juca, chefe da oficina da DIMAN, das maluquices didáticas de Meuser, da SEGUR, da tabaquice do Bernadino, do Tecarmo, da sisudez econômica do "petroleiro sem crachá" "Marroco", do cantina da Sede, da gentileza organizada de Cândida, da Biblioteca, do bonachão Dr. Orlando Pinto, do formalismo do Dr. Oswaldo, do Jurídico, do desajeitado Jovanísio, da Desparafinação, do "fazedor de gente" Raimundo Silva, de Bonsucesso, do bocão de Everaldo "Bronquinha".

Tempos do "amarelinho" todo dia 25, do "Parando para produzir", do "Do poço ao posto", das comemorações de final do ano que reunia toda a força de trabalho num grande churrasco, dos cursos no Hotel da Ilha, do voo VARIG 343 (salvo engano) para passar uma semana no Hotel Luxor Regente, no Rio,

Tempos dos encontros no bar Cacique em Aracaju onde todo sábado, impreterivelmente às 11 horas, chovesse ou fizesse sol, se tomava a primeira Antártica (a Original da época) na companhia de Lácio, Everaldo "Gordo", Rômulo Wanderley e outros petroleiros do melhor grau API, membros cativos de uma das mesas do fundo, sempre servida pelo garçon "Zé". Dizem que foi lá que Lácio apresentou a primeira dose de Montilla pra Everaldo "Gordo" (o "Elefantástico") e dai...........

Tempos das festas de fim de semana na ATPN, onde, junto com os filhos e esposas, descarregávamos o stress de uma semana dura de trabalho e recarregávamos as baterias para mais 5/6 dias de dedicação plena e gostosa;

Tempos em que a Petrobras só produzia petróleo e gás, tecnologia de ponta, recordes de produção, padrões de qualidade, referências e não maracutaias, corrupção e notícias ruins. Alavancava o país com seus programas de nacionalização de equipamentos, treinamento de mão de obra especializada, recebia prêmios e reconhecimento mundial e era o sonho de emprego de todo recém formado.

Três anos depois de aposentado e ainda muito chateado com o fedor que exala da lama que alguns pouquíssimos altos gerentes fdp, empreiteiros escrotos e uma penca de políticos sem pátria produziram neste patrimônio nacional, me sinto orgulhoso de ter "vestido a camisa" e dedicado 39 dos melhores anos da minha vida. Repito aqui o comentário do Alfredo Borba, petroleiro do mais puro e valoroso "Brent", feito algumas "Original" atrás:

"........Giba!! Somos de uma geração que respeitava e sentia um grande orgulho da Companhia!! Homenagens como essa (ao colega Raimundo Nonato, feita numa "Original" anterior) têm que ser amplamente divulgadas, para que os novos profissionais não se desmotivem e conduzam a PB para fora do atoleiro no qual as irresponsáveis e ineptas administrações passadas a colocaram!!"

Perfeito.

11/11/16