quinta-feira, 31 de agosto de 2017

WhatsApp x pé de ouvido (FB)

Não durou nem uma semana e já estou de retorno com uma "Original" novinha em folha. Mas o tema..........

A rapidez com que as mudanças e as novidades tecnológicas acontecem no nosso cotidiano nos causa um "choque do futuro" a cada momento. Nem bem acabamos de atualizar uma versão e ela já é superada por um novo upgrade. Os dias parecem cada vez mais curtos e quando menos se espera chegou o Natal e um novo ano se inicia já com a vinheta da Globeleza convidando pro carnaval. 

Considero-me um coroa antenado no uso das traquitanas da informação, que navego com uma certa facilidade no ambiente deste mundo digital acrilizado. Mas me deleito mesmo quando dou meus frequentes pinotes no passado, naquele mundo analógico, mais lento, manivelado, romântico onde as conquistas exigiam mais esforços e dedicação, a busca pela informação demandava mais suor e não um simples acesso ao Google. 

Naqueles inesquecíveis anos 60, os dias pareciam ter 30 horas. As distâncias mais distantes e 1 km tinha 1 légua. O PROZAC da época era um punhado de cafunés e umas lambidas no cangote cheiroso depois de um Cuba Livre, escutando "Dio como ti amo" ou o tema de "Anônimo Veneziano". Curava (e ainda cura) qualquer depressão e chorumela de infeliz carente.  
"Rede Nacional" era o nome de uma fábrica de redes existente no bairro onde vivi minha infância e "Via Satélite" apenas um atalho para um povoado com esse nome, também perto de Campina Grande. 
Era o tempo em que eu chamava "papai" e ele atendia. 

Os cabarés estavam em franca decadência e os motéis sendo inaugurados um a cada semana. "Vitess" e "Topázio" enchiam o ar das boates e "assustados" e impregnavam nossos sonhos e paixões. 
"Selfie" era a abreviatura censurada (e polida) da expressão '"Seu fie" de rapariga', insulto pesado é corriqueiro na minha terra, normalmente motivo para o início de um violento sururu. 
Curtir "Música sertaneja" era ouvir Luiz Gonzaga, Jackson do Pandeiro e Marinez e sua gente.
Um "tour" era viajar para Recife e ficar subindo e descendo as escadas rolantes da Viana Leal, depois de um rolé na Mesbla e na Slopper. 
O Google era, para os mais abastados, a parruda Enciclopédia Britânica e o Caldas Aulete. Os fascículos de "Conhecer" ou "Medicina e Saúde" para os que assavam e comiam. 

Cada vez estou mais saudoso daquele tempo onde a droga mais pesada era viajar num porre de lança Rodouro, fumando um Minister mentolado.E quando estou nesta Paraíba querida como agora, as memórias entram em ebulição que nem hormônio de bigodete. 

Chega, as lágrimas marejam meus olhos, embaçam a tela do tablet e impedem continuar a digitação. 

31/08/17