sexta-feira, 24 de novembro de 2017

Bom dia (FB)

Os amigos sabem da minha resistência para fazer uma atividade física regular e permanente. Uma nuvem de chuva lá em Zimbábue já é motivo para eu deixar o exercício físico pra outro dia. Mas esta semana acordei mais cedo e resolvi fazer diferente. Me apetrechei e fui fazer uma caminhada na orla da Ponta Verde. 

O mar ainda se espreguiçava mansamente, a réstia do sol nascente parecia um rastro de fogo sobre as águas sonolentas do imenso Atlântico. O céu desnudo de nuvens prometia um dia de Saara. O hálito que nos envolvia tinha aroma de iodo fresquinho. 

O cheiro verde do sargaço me transportou para os bons tempos dos veraneios em Tambaú, João Pessoa. Os coqueiros empertigados ainda descansavam da ventania do dia anterior. Um pescador singrava o imenso espelho em busca da piaba pro almoço de mais tarde.

Nos ouvidos, me acompanhando, Sinatra, Jobim, Waldir Calmon, Paul Mauriat, Ray Conniff. O calçadão estava cheio de madrugadores, a maioria andando e alguns poucos xotando. Cruzei até uma idosa (com “bobs” nos cabelos) caminhando de mãos dadas com seu velho e rezando um terço ao mesmo tempo. Nos abrigos das bancas de revistas, infelizes sem teto dormiam, serenamente, ao relento (e eu, mais das noites tenho sofrido de insônia. ?????).

Na volta do passeio comprei uma baguete crocante e peguei o resultado dos últimos exames de sangue (o envelope só abro depois do frugal café). 

Não sei se amanhã terei disposição pra fazer a mesma coisa. A Majú disse a semana passada que há previsão de chuviscos e brisa amena e eu não sou doido de pegar uma friagem neste pré-verão que já apresenta temperaturas de fazer inveja a Patos e Mossoró. 

No contraponto deste “landscape” lindo me vem à mente neste momento os 44 “hermanos” que agonizam (ou pior do que isto) em algum ponto sob este magnífico Atlântico. São os mistérios da vida. 


P.S. A idade também também atingiu a “Original” e mexeu com seu “metabolismo”. Ela agora pode sair em qualquer dia da semana, mais de uma vez, ou nem mesmo sair.


segunda-feira, 20 de novembro de 2017

A antena de TV FB)

Este “causo” aconteceu de verdade, em 1976, ano que casei e fui morar em Aracaju. Orçamento apertado, apartamento espartanamente mobiliado, com o mínimo necessário para um casal começar a vida. 

Uma noite, depois de assistir o jogo Íbis de Pernambuco x Canto do Rio, me aninhei nos braços da amada para assistíamos a “Discoteca do Chacrinha” numa TV Empire, que recebia imagens através daquelas antenas tipo “V”, posta em cima do aparelho. Bem na hora que o velho guerreiro anunciou “Golden Boys”, o “V” abriu as pernas e a imagem sumiu. Pacientemente me levantei, reposicionei as pernas da antena e voltei pro ninho amoroso. Quando o apresentador chamou Wanderléa, o “V” voltou a abrir as pernas e eu perdi de ver as exuberantes pernas da cantora. Desta vez me levantei já meio azuretado e tornei a fazer a configuração. 

Ansioso pra assistir a atração final, Roberto Carlos, eis que no momento da entrada do Rei, o “V” escancarou as pernas e aí “tudo mais foi pro inferno”. De supetão dei um pinote, peguei a antena, a quebrei nuns trinta e seis pedaços e rumei os cacos pela janela. Um dos pedaços quase espetou o guengo careca do inquilino que morava no térreo. 

Esta explosão de ira intempestiva causou um impacto enorme na minha mulher que ainda hoje, 41 anos depois, comenta o susto e a surpresa toda vez que a oportunidade aparece. 

Outra vez depois de uma caminhada puxada fui desamarrar o tênis e dei um nó cego que nem Santo Antônio com gancho conseguiu desatar. Fiquei tão irritado que piquei o cadarço todinho e cortei o tênis em tantos pedaços que ele ficou parecido com um chinelo franciscano. 

Na época que pescava, uma vez deu uma ziquizira na linha de naylon que ela ficou parecida com uma cabeleira black-power depois de um ralí numa Thiumph 1200, feito sem capacete. O sangue subiu, deu trip na paciência e eu joguei todo na churrasqueira que ardia à espera da picanha. Os anzóis e a chumbada viraram uma papa. O molinete Michel só não foi junto por que não coube na fornalha. 

Qualquer coisa que se engancha, se enrosca, me irrita profundamente. Manga da camisa que se engancha num trinco de porta ou fica a manga ou vem o trinco, ou as duas coisas. Ainda bem que não tenho chifres. Já os teria perdido ou rebentado muitas coisas nos enganchos e enroscos da vida. 


Com a palavra os psicólogos, psicólogas, psiquiatras e babalorixás do grupo para diagnosticar este faniquito perigoso. Se tiver cura por favor recomendem uma clínica de reabilitação que seja de frente pro mar, tenha Original “canela de pintor”, Wi-Fi, som a minha escolha, colaboradoras atenciosas e sempre a mão. Podem pegar pesado pois com a aposentadoria da PETROS dá pra pagar qualquer mordomia, com folga. 

20/11/17