quinta-feira, 15 de dezembro de 2016

Vulnerabilidades, nem ao espelho confesso (FB)

Em algum momento já escrevi que "não devemos confessar nossas vulnerabilidades nem pro espelho. Quem quiser sabe-las que as descubra". Continuo convicto e guardião desta afirmação.

No entanto, nada como uma reca de "Originais" ou umas bicadas de "Serras Limpas" no quengo para não levantar um pouco o manto da compostura, destravar a língua e abrir a guarda para expor um pouco aquele "Cotonete" que coexiste com o outro que possuem CPF, foto e cartão de crédito e anda meio desanimado com o resultado dos mal feitos dos nossos governantes. Na maioria das vezes a camisa de força da educação, dos padrões da sociedade, dos pruridos comportamentais, nos tolhe, castra nossos sentimentos e, às vezes, nos priva de dizer e agir como querem nossas almas siamesas que convivem num mesmo corpo.

Alguns amigos sacanas vão dizer (ou pensar) que o "Cotonete" "tá se coçando pra sair do armário" e é isso mesmo, mas não daquele "armário" que algum de vocês, maliciosamente, estão pensando (nasci, vivo e ei de embarcar "espada"). É muito bom compartilhar sentimentos, agruras, opiniões, alegrias, tristezas, emoções, com aqueles com quem eu tenho o privilégio de ser amigo. Para estes os segredos são praticamente inexistentes.

Além do álcool, a música sempre pavimenta estas ocasiões. Ouvir certas canções, muitas delas dos Beatles, são "inputs" que mexem comigo e na maioria das vezes me fazem chorar de alegria, viver, reviver, como já aconteceu muitas vezes. As "Originais" têm sido outro canal onde me exponho e me confesso um pouco.

Estou escrevendo para aqueles amigos (e eles sabem quem são), escaneando o mar dos 36m2, balançando minha neta, que dorme ao meu lado na "paz de criança dormindo". Os coqueiros frondosos abanam suas folhas em homenagem ao nosso sossego, sem cobrar nada, alegres como criança sorrindo.

Cada vez mais estou curtindo a vida no "volume" sutil do Tom Jobim, do Sinatra e do João Gilberto ao invés do agito da Rita Lee, Les Zeppelin e do Lulu Santos, envolto no aconchego do silêncio e da introspecção relatada no texto de algumas semanas atrás. Tenho me contentado com a leitura e os papos nas redes sociais, que embora para a maioria das pessoas tenha o efeito de "aproximar quem está longe e distanciar quem está próximo", tenho sabido evitar esta disfunção da era cibernética.

16/12/16