Como Felipe Massa que mesmo depois de uma despedida festejada e "definitiva" não resistiu um mês pra voltar pra pista, eu, também, não resisti uma semana para escrever um texto novo. Circunstâncias inesperadas me levaram a tal.
Passei boa parte do carnaval num apartamento do Hospital Primavera em Aracaju, acompanhando minha mãe que se recupera de uma anemia forte e outros problemas relacionados. Este é um ambiente completamente diferente daquele que estou acostumado a conviver (e espero não me familiarizar tão cedo). Os odores, os sons, o clima, na sua maioria, não são para se ficar com saudade ou sair por aí cantarolando na chuva, muito pelo contrário.
Durante este período de apreensão me chamou a atenção o árduo, permanente e valoroso trabalho das enfermeiras e de todo o pessoal que dá suporte para que este complexo de saúde funcione adequadamente. Estou impressionado com a dedicação e a importância destes profissionais de jaleco branco que, dia e noite, sempre com paciência, simpatia e zelo, cuidam daqueles que estão passando por momentos de dor, sofrimento e desesperança.
São eles que realmente põem a "mão na massa", fazem o trabalho doloroso de espetar agulhas e cateteres, executam o serviço "sujo" (literalmente) de limpar paciente obrado, vomitado, chagado, sem demonstrar nojo ou desprezo enquanto eu me encapsulo nos meus pruridos imbecís e assépticos, torço o nariz e me afasto, preconceituosamente, do enfrentamento das realidades como as que vi e senti dentro do hospital.
Pela primeira vez senti o cheiro da morte e posso garantir que ele é nauseante, forte e só poucos o suportam. Tirando a vida, não nos resta mais nada, só dejetos, catinga e podridão.
Para estes anjos vestidos da cor de leite, estes verdadeiros bombeiros de branco, minha maior admiração e respeito por exercerem uma profissão, às vezes tão subvalorizada e descriminada, com dignidade, amor e abnegação. Estou saindo desta experiência com outra ideia da importância deste verdadeiro exército de cuidadores anônimos.
03/03/17
As “Original do sábado” surgiram em 2009 apenas pelo desejo de registrar os devaneios e “viagens” quase sempre após uma cerva “Original”, no “Clube do Pirata”, em Maceió, ou no terraço da minha casa de praia. Os feedbacks foram tão bons que passei a divulgá-las nas sextas-feiras, contrariando o título da resenha. Os assuntos são em cima de fatos e "causos" que eu vi ou tenho conhecimento deles. Alguns são reflexões pessoais, outros, pura gozação, com uma pitada de humor e invenção.