quinta-feira, 2 de fevereiro de 2017

As sementes do catecismo (FB)

Nasci numa família cristã e até os 8/10 anos tive aulas de catecismo, estudei em escola religiosa e fui até coroinha na paróquia do bairro. Cumpri e segui todos os ritos e compromissos de um cristão, fui batizado, crismado e fiz a primeira comunhão em solenidade tradicional.

Os conceitos de pecado, inferno, céu, purgatório, penitência, castigo, juízo final, perdão, foram martelados na minha mente durante este período com muita frequência e de forma indiscutível. Foram tempos de um patrulhamento religioso severo em cima de uma criança que não tinha discernimento suficiente para decidir suas opções religiosas.

Quando entrei na adolescência fui me afastando lenta e naturalmente  da Igreja e das liturgias por ela estabelecidas. No entanto, nunca deixei de ser religioso mas conduzi minhas crenças e preces da forma que julguei e julgo mais sinceras, práticas e conscientes.

Mas aquelas sementes plantadas na época do catecismo e das missas assistidas todos os domingos e em dias santos, permaneceram na minha cabeça como uma referência, como um juiz e vez por outra paro para pensar e me questionar sobre o pecado, o bem e o mau, as opções da existência depois da morte, as dualidades da vida, a eternidade.

O tempo vai passando, os "ontems" começam a sobrepujar (de braçadas) os"amanhãs" e estas questões se tornam mais presentes, ganham mais relevância. A aposentadoria me presenteia com tempo livre para pensar na vida, no futuro, para fazer um balanço da minha performance como ser humano nesta passagem por esta pelota que flutua no espaço. Sou convicto da eternidade e não me admito simplesmente sumir, deixar de existir depois de "bater as botas". Acredito que ninguém morre de bobeira, sem receber um aviso prévio mesmo que este não se manifeste para mais ninguém além daquele que "está indo para o além".

Estou convicto que meu "meu aviso prévio" ainda não foi reacunhado e muitas experiências e penitências terei que me submeter por aqui pra ter direito aquele céu desenhado e prometido naquelas velhas lições de catecismo.

03/02/17