quinta-feira, 9 de fevereiro de 2017

Sem ordem e sem progresso (FB)

Ultimamente tenho me metido a opinar sobre assuntos que não são da minha praia: política, economia, problemas sociais, desmandos, injustiças e coisas afins, temas onde os amigos Alfredão, Beguinha e Cabeleira são articulistas de primeira página. Meu negócio é fuleragem e, de vez enquanto, um papo-cabeça.

Mas não consigo me segurar quando vejo cenas de violência e vandalismo como as dos últimos dias, principalmente nos estados do Espírito Santo e do Rio de Janeiro, e a incompetência das autoridades constituídas para manter a ordem pública.

Que povo é este nosso em que na ausência do aparato policial ostensivo a violência, os saques, o vandalismo, as rebeliões, surgem, brotam com força, como brotoeja em pirralho nordestino? Que tipo de formação educacional demos e estamos dando aos nossos jovens que não tomam consciência do bem e do mal e só obedecem sob a batuta da bala, do cacetete, da chibata, do gás lacrimogêneo, da porrada? Se é pra ser assim vamos logo importar gerentes da SWAT americana, ditadores africanos e norte coreanos, assessores cubanos (ao invés só de médicos), mercenários sem bandeiras, para, primeiro, restabelecer a ordem. Depois se ver como fazer a mesma coisa com o progresso.

Os fatos e evidências recentes são provas incontestáveis de que não estamos minimamente educados, conscientes para caminharmos sem a "supervisão dos instrumentos educacionais" citados no parágrafo anterior. O nosso sistema educacional está falido, desvirtuado, mercantilizado, míope. Esta constatação não é nova, apenas não se tinha as câmaras e os recursos das mídias atuais que a registram e viralizam os seus sons e imagens em tempo real, escancarando o nível de atraso em que nos acostumamos a viver. Em 2011 uma parte do Japão foi devastada por um enorme tsunami e não se viu falar de um saque e eles não aconteceram por causa da presença da polícia e sim pela consciência que cada cidadão nipônico adquiriu nos bancos escolares.

Será que é só uma minoria que mantém este nosso imenso país refém da bandidagem? Será que estes fatos que nos envergonham não são o espelho cruel desvirtuado do resultado das maracutaias e roubalheiras que nascem que nem mato na caatinga depois da chuvada, nos gabinetes e palácios da turma da gravata e do champanhe? Os bandidos estão livres, do lado de fora, na liberdade das ruas, com poder, enquanto os cidadãos engaiolam-se dentro de casa humilhados e desiludidos, sem ter a quem apelar e ainda pagamos a conta. (Lembre-se: em abril o "Leão da Receita" chega faminto e "come" mais um bom punhado da nossa minguada renda, além daquela já arrecadada ao longo do ano passado).

Numa das "Originais" recentes comentei sobre o que se esperava de legado da Copa e das Olimpíadas, onde a segurança pública funcionou exemplarmente. Este deveria ter sido o maior presente, mas, em pouco mais de seis meses, constata-se que continuamos do mesmo jeito ou pior. Nem as obras foram aproveitadas. O Maracanã, o Parque Olímpico, estão abandonados o que nem o mais cético dos brasileiros podia imaginar. É muita esculhambação.

Isto não pode ser mais tolerado. É um absurdo, um acinte. O pior é que não se percebe reação popular forte, organizada, nem o surgimento de lideranças comprometidas com o bem estar e o futuro da Nação, para tentar reverter este quadro de caos urbano e começar a investir pra valer e a longo prazo, na educação para formar brasileiros dignos, honestos, cidadãos. Por enquanto temos apenas que nos proteger e rezar para que não encontremos uma bala perdida floteando por aí. Estamos fu.......

10/02/17