quinta-feira, 8 de fevereiro de 2018

Saudade tem idade (FB)

Acho que só se começa a se sentir saudade depois dos 40 e ela cresce como a artrite, a queda de cabelo, a dependência, é solitária como a tua conversa com o espelho. Antes se sente falta, paixão, impulso mas saudade é uma coisa mais íntima, mais eterna, etérea, menos corpo, mais alma. 

A saudade doe sem ferir, sem sangrar, sem deixar marcas, só lágrimas. Uma música, um perfume, uma original, me fazem escanear a linha do horizonte do mar verde dos 36 e viajar daqui pra França, Natal, São Paulo ou qualquer outro lugar, na velocidade da luz. Acho que a maioria dos jovens que conheço não sente saudade dos pais e dos seus velhos. Eu já passei por esta fase da vida e não me lembro da saudade naquele tempo. Só agora a ficha caiu. 

Os netos são a principal espoleta para o desabrochar “com força” deste sentimento tão sublime que no meu caso só me faz bem, me faz vivo, esperançoso, amolecido. Netos, filhos e amigos distantes são fermentos únicos que “papocam” minhas saudades. Triste daqueles que passam pela vida sem saudades do seu passado, dos seus amigos, dos seus velhos. 


Dizem que a “saudade é o amor que fica. É um paradoxo: ao mesmo tempo em que aperta o nosso coração, preenche ele de amor. Ao sentir saudade revivemos automaticamente momentos, sensações e sentimentos”.

7/2/18