sexta-feira, 7 de maio de 2021

A presepada de um Beatle (FB)

Em 1970 quando estava gravando o antológico álbum “All Things Must Pass”, George Harrison precisou de um percussionista para a música “Art of Dying”. Alguém tinha visto nas boates de Londres um músico que poderia fazer este trabalho e sugeriu, ao nesta época já um ex-beatle, que fizesse um teste com o rapaz, um ilustre desconhecido. 

Dias depois o jovem subiu as escadas do famoso estúdio Abbey Road e deu de cara com uma penca de músicos famosos, inclusive o próprio GH. Tremeu nas bases, mas com todo nervosismo, tocou congas em alguns takes desta música. Recebeu um trocado e foi batucar em outros botecos londrinos. Seu nome: Phil Collins. 


Meses depois ele ver nas lojas o tal álbum, compra-o e corre pra casa pra ouvi-lo. Procurou seu nome nos créditos e não viu. Ouviu a música e não identificou seu trabalho nela. Ficou arrasado. 

Bons anos depois, já famoso, encontrou-se com GH e comentou da sua decepção. GH não se lembrava de nada. 


Em 2000 quando o ex-beatle estava preparando a edição comemorativa dos 30 anos de lançamento do ATMP lembrou-se daquele papo com o PC e resolveu procurar os takes descartados pra ver se achava a participação do PC. Não conseguiu recuperar mais nada. Resolveu, então, aprontar uma presepada. Chamou seu amigo Ray Cooper, brilhante percussionista, e juntos, gravaram um take de “Art of Dying”, onde o Ray tocou congas muito mal, propositadamente. GH enviou o CD com o seguinte bilhete: “Caro Phil. Será que essa é a sua parte? Com carinho, George”.


PC quando ouviu aquela balbúrdia sonora ficou sem acreditar. E para piorar no final da gravação ainda ouviu GH falar alto dizendo: “Esse tocador de congas é muito ruim. Manda esse moleque embora. Vamos gravar outro take mas sem esse carinha das congas”. Aquilo chocou definitivamente o PC. 


Dias depois ele recebe uma ligação do GH perguntando se tinha gostado do que ouviu e então ficou ciente de que se tratava de uma presepada. Foram muitas gargalhadas e xingamentos. 

Coisas típicas do saudoso George Harrison. 


Giba

07/05/21


Fonte: Phil Collins, Ainda estou vivo - Uma autobiografia.