quinta-feira, 13 de abril de 2017

Saudade, nem todos têm (FB)

Já li em algum lugar que "saudade é o amor que fica". Eu acho que é isto e muito mais. Alguém também já disse que: 
"Saudade tem rosto, nome e sobrenome. Saudade tem cheiro, tem gosto. Saudade é a vontade que não passa. É ausência que incomoda. Saudade é a prova de que tudo vale a pena…"

Acho que pessoas que não têm saudade são incapazes de amar alguém ou sentir falta de algum lugar, de algum momento ou do passado. Saudade e amor são sentimentos gêmeos siameses, um não existe sem o outro. O passado pra essas pessoas não tem importância, é simplesmente um estado do tempo como são o presente e o futuro. 

"Quem ama: Fica. Cuida. Perdoa. Compreende. Morre de ciúme. Morre de saudade. Esquece o orgulho", já disse outro pensador.
Só se ama aquilo que é único, insubstituível, que se perdido é pra sempre, sem nenhuma capacidade de reposição.

Saudade só se tem de coisas boas, prazeirosas, que se gosta de lembrar, reviver, repetir. "É um sentimento que quando não cabe no coração, escorre pelos olhos", filosofou Bob Marley. Graças a Deus sou uma pessoa que curte a saudade. Ela não me incomoda, deprime nem me trás melancolia, pelo contrário, me faz corrigir rumos, consolidar amizades, perdoar, viver. 

A escritora Clarice Lispector uma vez escreveu: 
"Sinto saudades de tudo que marcou a minha vida. Quando vejo retrato, quando sinto cheiros, quando escuto uma voz, quando me lembro do passado, eu sinto saudades. Sinto saudades de amigos que nunca mais vi, de pessoas com que não mais falei ou cruzei. Sinto saudades dos que se foram e de quem não me despedi direito. Daqueles que não tiveram como me dizer adeus; Sinto saudades das coisas que vivi e das que deixei passar, sem curtir…"

E eu me atrevo a complementa-la: sinto saudade de sorver um Cuba-Libre na boite do Cabo Branco, de aspirar o cheiro de um Vitess, de pilotar um Karmanguia no entorno da Lagoa, em João Pessoa, dos acordes dos anos 60/70, de assistir uma final do Santos na época do Dorval, Mengálvio, Coutinho, Pelé e Pepe, de jogar um pião num chão de terra batida, roubar um beijo no escurinho do cinema, calçar um Motinha, vestir um Banlon de gola rolê, de subir e descer as escadas rolantes da Vianna Leal, de ouvir as "loucuras" dos Mutantes, de roer um sorvete de araçá da Tropical, de debulhar uma homilia do Padre Abath, de gastar a lua. 


Uma boa páscoa pra todos. 

13/04/17