quinta-feira, 8 de dezembro de 2016

O "Caralhomante"

Esta estória me foi contada pelo próprio personagem principal e por isto recebe o carimbo de "verdadeira" e insuspeita.

No final da década de 70 pousou lá pras bandas do Ceará um paraibano arretado, boa pinta, nadador, engenheiro recém formado, deficiente visual, com um nome meio "alemãozado". Na mesma época militava por lá um famoso cartomante bicha que era muito assediado e querido pela mulherada insatisfeita com a vida que levava com seus companheiros. O profissional do baralho era seu xará e o "consultório sentimental" do maricas do carteado estava sempre cheio de damas "carentes, dengosas e desamparadas".

Imediatamente nosso querido "germânico de Campina Grande", com seu magnetismo xerequeiro e intimidade raparigueira com os astros, viu um "mercado" com uma demanda literalmente "aBUNDAnte" onde ele poderia "xumbregar" a vontade com hora marcada. Uns amigos presepeiros sabendo do seu perfil boêmio, galanteador e de conversa encantadora, armaram uma festa tendo como atração o tal cartomante de araque. Sucesso total. Tinha mais mulher do que piriguete em show de Wesley Safadão.

Lá paras tantas, ele, com um turbante roxo a lá Sidney Magall e um sarongue florido e cintilante, surgiu na penumbra enfumaçada e um frisson tomou conta do recinto. Uma longa fila de jovens desiludidas, mal amadas e carentes foi logo se formando. O "homem" tinha um azougue de fazer cola Superbond parecer graxa lubrificante.

A primeira "cliente" a cair na lábia foi Magalí, 23 anos, casada de pouco, se queixando do marido que não se "fazia presente" como era o desejo de uma jovem nesta idade. O profissional do "caralho", opa, do baralho, com sua eloquência de pastor de igreja récem-criada, virou uma carta de um baralho viciado, comprado de um taxista lá na Praça do Ferreira, e logo surgiu um "10 de Paus". A menina ficou eufórica que só uma debutante e o esperto impostor engatou o "diagnóstico": "você precisa de 10 sessões de massagens "espirituais" e demoradas, a serem dadas por mim (e intimamente concluiu: "o "pau" vai cantar que nem cuíca em bateria de Escola de Samba").

A segunda da fila foi uma loirinha sarará, meio dentuça, gaga, de nome Jussara, 27 aninhos, que também vinha reclamando do companheiro que viajava muito e a deixava sozinha, desejosa e desprotegida. Novamente o descendente do Chanceler Prussiano, esperto que nem bicho de circo, virou o tal baralho e logo surgiu um 7 de "cópulas", opa, de Copas, e junto a "prescrição": 7 sessões "intensivas" de bulinagens e safadezas a serem "ministradas" no quarto 36 do motel "Fogyhama", consultório do cartomante embusteiro.

A terceira "paciente" foi Judite, 25 anos, morena peituda e reboculosa que serviu de modelo para a fabricação da Juliana Paz. Ela se apresentou chorosa pelos mesmos motivos das duas dengosas anteriores. De novo o instrumento de enrolação foi puxado e desta vez a carta surgida foi um Rei de Espadas o que deixou a cabrocha mais animada do que político diante de um edital de obra pública. Mais uma série de "créus" foi receitada e executada pelo malandro "arretado".

Por muito tempo o paraibano aplicou suas armadas e ficou conhecido e famoso como "Caralhomante do Ceará". Ele tomou gosto pela profissão e até hoje continua, eventualmente, "aconselhando" quem lhe procura com crises existências, sentimentais e males do ramo, sempre dentro do maior resPEITO, discrição e ética profissional. O cabra é proFUNDO.
É muita fuleragem.

09/12/16