quinta-feira, 26 de janeiro de 2017

Deus não é mais brasileiro (FB)

Tenho tentado não me abater pela realidade cotidiana de desmandos e safadezas que tomam conta do nosso país, mas, confesso que está muito difícil suportar. Quando surgem ações como a Operação Lavajato que, aos trancos e barrancos, trás um pouco de esperança de que as coisas irão melhorar, que este povo poderá viver numa nação mais livre, menos corrupta, andando pra frente, acontece uma tragédia como a da morte do magistrado do STF. Ele vinha conduzindo com competência e zelo o processo no qual a maioria dos brasileiros acredita que produzirá um país mais justo, honesto, menos impune, pacato e exemplar. Parece que este sonho mergulhou nas águas azuis do mar de Parati.

Fico aqui imaginando duas hipoteses para esta desgraça: se a queda do jato foi causada por uma sabotagem, será o fim da picada,  mergulharemos de cabeça ainda mais fundo no abismo lamacento e fétido em que nos encontramos. Continuaremos a conviver neste enorme balaio de negociatas espúrias, promíscuas, podres.
Se foi uma fatalidade, é uma sacanagem do destino, "Deus" emigrou para a Finlândia ou Suécia, não é mais brasileiro, nos abandonou, definitivamente. Precisaremos turbinar a perseverança, a paciência, a fé, para acreditar que este Brasil em que vivemos terá, um dia, um futuro que nos orgulhe. Certamente não terei aniversários para vê-lo assim.

Deste catálogo volumoso de corrupção e desmandos "Made in Brazil", surgem, aos borbotões, realidades vergonhosas como estas rebeliões e matanças anunciadas de presos, comandadas por facções muito mais organizadas do que as desorganizadas e corruptas entidades pagas por nós para gerir este sistema.

Estádios, arenas e obras de infra-estruturas construídas pra Copa e Olimpíadas, estão abandonadas ou inacabadas (o Maracanã é a joia mais medalhada), enquanto os hospitais e a saúde encontram-se em coma profundo, a violência desfila com a musculatura de halterofilista bombado, a educação registra um boletim vermelho de envergonhar os habitantes de zoológico, os transportes sucateados puxados por um cavalo manco e esquálido, os impostos com alíquotas norueguesa ou belga, com serviços públicos de constranger os africanos do Congo ou de Burúndi.
Mataram um dos maiores rios brasileiros e uma cidade junto e não tem nenhum responsável preso nem uma indenização paga.

E a coisa pode piorar. Se o próximo relator for escolhido entre os quatro ministros que compõe a segunda turma do STF poderemos ter, apenas, 25% de chance da Lavajato ter algum sucesso. Torço para que desta vez o destino seja caridoso e não mande, "a jato", as nossas esperanças para o beleléu, para a "caixa prego".

Mas como diz o amigo Beguinha, "Vamo que vamo". Pergunto: Pra onde?

27/01/17