Há dois anos estava eu num
corredor branco, silencioso, asséptico, ansioso e apreensivo, esperando a
abertura de uma porta e a entrada da minha primeira neta. Vê-la, saudável,
vermelhinha, linda, foi uma das maiores emoções da minha vida. Esperá-la por poucas
horas já me gerou um tsunami de ansiedade, imagine o anseio da mãe que a
guardou e esperou 9 meses por este momento supremo?
Neste par de anos as
transformações foram muitas e rápidas. Aprendi a rir melhor e com mais
frequência, a ser mais tolerante com as estripulias inocentes e o choro
estridente deste ser tão perfeito e encantador. Juro que não era assim e isso
me surpreendeu. Me renovo a cada dia com as descobertas, gestos e reações dessa
alagoanazinha que chega aos seus dois anos na próxima segunda feira. Para
coroar este momento, hoje é o niver da minha filha Michelle, mãe da
"Nana".
Se eu pudesse iria sugerir
ao nosso Criador uma pequena mudança no projeto da sua maior e mais perfeita
criação, nós, seres humanos: transferir para os pais algumas virtudes que
sobram nos avós, como tolerância, paciência, dedicação, carinho. Seguramente
teríamos pais mais felizes e crianças mais amadas, auto-confiantes.
O amor de vô é abobalhado,
"assorisado", sublime, descompromissado, saudoso. O amor de pai é
mais carnal, protetivo, impetuoso, umbilical. Amor de vô é rede na varanda e
água de coco, é uma harmonia da Bossa Nova, um jogo de gamão. Amor de pai é
movimento e caipirinha, é o agito do rock, o suor da maratona.
Vejam no retrato anexo a
mais perfeita tradução da beleza, da inocência, do prazer, compactado naquele
"serzinho" que desembarcou neste mundo tão frágil e dependente que
nos faz dar maior valor e sentido a vida, que nos induz a repensar alguns
conceitos e atitudes, que encanta todos aqueles que têm o privilégio de
conviver com esta joia tão especial.
Se ainda tivesse um filho
lhe daria o sobrenome de "Neto". Não sei se um dia serei homenageado
com este título tão nobre.
07/10/16